quarta-feira, 26 de maio de 2010

Capítulo 12: A conferência síncrona enquanto ferramenta cognitiva

Este post, resulta de um resumo a partir do capítulo 12 do livro, Jonassen, D. (2007). Computadores, Ferramentas Cognitivas. Porto: Porto Editora.





Escolhi este capítulo por ter considerado a aconferência síncrona uma ferramenta muito útil, pois pode ser utlizada para facilitar a comunicação entre os alunos e professores.



Como se dá a comunicação síncrona?

A comunicação síncrona ocorre quando duas ou mais pessoas, através de um telefone, videoconferências, comunicam ao mesmo tempo, podendo estar no mesmo local ou não.

Partindo deste mesmo príncipio temos as conferências síncronas, que ocorrem entre dois ou mais computadores, que estão ligados entre si, suportados por uma rede, de modo a partilhar dados (qualquer tipo de lado, desde texto, a imagens, vídeo, som).

Existem vários servidores que promovem este serviço tais como o MUD, MOO, MUSE E MUSH. A comunicação síncrona a partir destes servidores tem muitos benefícios tais como, o baixo custo, a compatibilidade interplataformas e a compatibilidade à distância.

A forma mais antiga de comunicação síncrona é o Internet Relay Chat, que resulta de interacções básicas, através de mensagens digitadas entre um grupo de utilizadores. No entanto, e embora esta forma de discussão seja muito popular, como as linhas tendem a ser adicionadas muito rapidamente à medida que o número de participantes na discussão aumenta, para utilizadores inexperientes pode ser muito confuso.

O MUD, MOO, MUSH, surgem como actualizações do IRC, que incluem ambientes online mais explícitos e elaborados, são os chamados multi-user domains (MUD), object-orientede (MOO), shared hallucinations (MUSH), entre outros. Estas aplicações têm como vantagens a capacidade de permitir guardar ou imprimir uma conversa completa. Os mais simples, MUD e MOO, baseiam-se apenas em texto.

A partir destes ambientes mais primitivos de comunicação, desenvolveram-se ambientes virtuais mais complexos que incluem objectos visuais, ambientes e personagens que podem comunicar através de balões de texto pop-up ou por áudio. Tal permite aos participantes assumir diversas personagens, viajar para diferentes locais e participar em jogos online enquanto conversam.

A forma mais recente e sofisticada de comunicação síncrona inclui videoconferência desktop, através de computadores ligados em rede, podendo esta conter a transmissão de dados “ao vivo” entre computadores incluindo áudio, vídeo, texto, imagens e aplicações partilhadas. Por exemplo, o NetMeeting da Microsoft permite interagir através da conversa ao vivo em texto, partilhar o espaço num whiteboard (quadro branco), partilhar imagens vídeo, imagens ao vivo dos participantes ou vídeo pré gravado, áudio, transferir ficheiros e partilhar aplicações.


Então como pode a conferência síncona ser usada como ferramenta cognitiva?

As ligações síncronas ocorrem em tempo real. Podem apoiar a comunidade de aprendizagem em rede, constituídas por alunos e professores, podendo haver uma comunicação entre eles, permitindo a troca de experiência e de opiniões, também pode incluir outros profissionais que que promovam o ensino e a aprendizagem.

A interacção social é cada vez mais reconhecida como essencial para o processo de uma aprendizagem significativa, isto é, menos baseada na transmissão e mais na negociação e no debate. A possibilidade dos alunos poderem comunicar à distância pode contribuir para desenvolver as suas competências sociais, de leitura de escrita, de comunicação e de colaboração através da participação em discussões online, dado que estão expostos a uma maior diversidade de opiniões. Sendo assim a aprendizagem torna-se um processo de enculturação (inserção social).
A princípio havia o receio da perda de identidade pessoal, no entanto estes receios foram rapidamente substituídos pela importância da sociabilidade e por uma preferência em fortes interacções interpessoais ao longo das grandes redes sociais.

A comunicação síncrona possibilita assim que os alunos testem o que estão a aprender pois estão a aprender numa comunidade que dá um feedback imediato para os seus processos de pensamento e escrita.

As trocas interpessoais podem incluir correspondentes electrónicos, salas de aula globais, aparições electrónicas, monitorização electrónica e personificações. Podem também centrar-se sobre a construção colaborativa de bases de dados, publicação electrónica, visitas de estudo virtuais e análise partilhada de dados.

No entanto, os benefícios desta ferramenta ainda não estão muito bem definidos, sendo que ainda são limitados. Convêm os alunos estarem a planear um projecto, a debater uma questão, a resolver um problema, ou seja, tem que haver um foco intelectual de discussão. Outra característica da comunicação síncrona, prende-se com a necessidade da existência de um objecto concreto de trabalho, por exemplo, os alunos estarem a partilhar o mesmo espaço para produzirem uma apresentação, um relatório, ou solução a um problema, deste modo encontram-se mais concentrados e não fogem à discussão.

Na sala de aula estas ferramentas devem ser treinadas do seguinte modo:
• Orientação, o aluno deve ser familiarizado com os recursos de comunicação
• Definição do problema a resolver
• Subdivisão do problema, definindo a tarefa, bem como os objectivos e pré-requisitos
• Definição de papéis
• Pesquisa de informação
• Partilha da informação
• Monitorização, atenção aos canais de comunicação entre os grupos
• Negociação da compreensão, assegurando-se que todos os alunos compreenderam o conteúdo da lição

Ao avaliar a comunicação síncrona como ferramenta cognitiva, podemos pensar na natureza do pensamento envolvido na comunicação que vai depender do tema sobre o qual os alunos estão a conversar. Espera-se que o tópico de discussão suscite o pensamento superior, ou seja, a crítica, criatividade e a complexidade. Para tal é importante que nas conferências síncronas se coloquem questões abertas, problemas ou projectos interessantes e motivadores.

Dado que não se encontram ordenadas por assunto, avaliar as ideias em discussão pode ser uma tarefa difícil, também quando o número de participantes é elevado, é complicado identificar os temas da conversa. Ou seja, as mensagens têm que ser imediatamente avaliadas logo que são adicionadas.

O professor por vezes só consegue avaliar a qualidade do resultado e não o processo, ou seja, avalia apenas a qualidade das contribuições dos alunos. Para tal o professor pode dividir a sua avaliação em três parâmetros principais: mensagens dos alunos centradas na tarefa e relevantes; originalidade das ideias dos alunos e conversação orientada para o tema, isto é organizada.

Para concluir, a comunicação síncrona como ferramenta cognitiva é vantajosa, pois promove uma maior motivação dos alunos, dado que a comunicação é imediata. No entanto possui várias limitações, sendo elas: facilidade de perda do foco da questão, ou seja, fáceis distracções; dispersão fácil do tema que se está a discutir e difículdade em controlar a fuga da conferência para uma discussão social.

A WebQuest: Evolução e reflexo na formação e na investigação em Portugal

As WebQuest foram criadas há pouco mais de dez anos, e desde então sofreram algumas alterações quer na orientação, quer no modo de conceber e avaliar a tarefa, bem como no respectivo processo.


A tarefa como elemento principal da WebQuest deve ter em atenção dois aspectos essenciais: a classificação desenvolvida por Dodge (autor das WebQuest) que delimita o tipo de tarefa que vamos ter e as dimensões a avaliar numa tarefa.




O professor deve ter em atenção em criar uma "verdadeira WebQuest", dado que algumas disponíveis online, são apenas trabalhos de pesquisa orientada, que não é o objectivo duma WebQuest, para tal utiliza-se por exemplo, uma Caça ao Tesouro. Ou seja, uma actividade em que os alunos seguem vários apontadores para diferentes sites de modo a responder a questões colocadas, onde no final têm de responder a uma questão aglutinadora, deste modo, os alunos apenas aprendem a citar informação. Pelo contrário, A WebQuest é uma actividade bem mais complexa, onde além de haver uma processo e avaliação, a tarefa é de resposta aberta.



Sendo assim, uma verdadeira WebQuest motiva o aluno, promove o seu pensamento crítico, uma aprendizagem cooperativa e o desempenho de vários papéis. Deste modo, as WebQuest mais interessantes e de nível mais avançado são aquelas que mencionam temas polémicos da sociedade onde vigoram várias perspectivas, tornando-se assim desafiantes para os alunos, onde eles aprendem quer de modo individual quer em grupo.



As WebQuest podem facilitar o trabalho do professor, quando há algum tema que considera mais difícil de integrar por parte dos alunos, ou em que a sua estratégia de ensino é menos adequada. As WebQuest podem ter um carácter disciplinar ou transdisciplinar.



As WebQuest sofreram uma evolução ao longo do tempo, e só ao fim da terceira fase é que ela surge tal e qual como a conhecemos hoje. O que no início eram as fontes de informação passaram a estar contempladas no que conhecemos hoje como processo. Havia também um item de orientação que actualmente não existe, é criada a avaliação e também a página para o professor.



As WebQuest que conhecemos (estes pontos encontram-se mais explícitos na mensagem publicada anteriormente) são compostas por:




  • Introdução, cria o ambiente e contextualiza a temática


  • Tarefa, que deve ser executável e sobretudo motivadora, onde se indica qual o produto final que os alunos devem apresentar depois de completar todas as etapas (uma tarefa por ser classificada em 12 tipos diferentes). Para uma tarefa bem sucedida, esta deve solicitar análise crítica, pesquisa, síntese, avaliação, criatividade, julgamento de situações ou resolução de problemas


  • Processo, onde são apresentadas de forma clara as etapas a seguir para resolver a tarefa proposta. As etapas devem ser resolvidas em grupo. Integra também os recursos a utilizar pelo aluno para resolver as etapas


  • Avaliação, deve conter os parâmetros do conteúdo a avaliar, bem como distuinguir se há avaliação individual e/ou em grupo


  • Conclusão, deve resumir o que os alunos aprenderam, bem como propor-lhes um novo desafio, ou orientá-los para algum site interessante sob a temática

  • Informação para o professor, deve apresentar orientações específicas para o professor poder implementar a WebQuest e esclarecer algumas dúvidas caso surjam. Sugere-se que esta informação não apareça como página, mas sim incluída numa página, podendo ser a inicial, com indicação para esta informação


  • Ajuda, deve aparecer no menu, e conter esclarecimentos ao aluno sob o que é uma WebQuest, bem como, qualquer outro tipo de esclarecimento que seja relevante




A WebQuest tem sido introduzida na formação inicial e contínua de professores, e tal considero importante, até porque obriga o professor a mobilizar conhecimento de uma forma diferente do tradicional e torna o processo de aprendizagem mais interessante para os alunos. Para além do dominar os conteúdos, o professor terá de dominar mais três dimensões, sendo elas: a pesquisa de informação; o uso das ferramentas online para fomentar a aprendizagem, bem como saber utilizar as tecnologias, dado que a WebQuest é disponibilizada online.


Ou seja, a WebQuest serve de certo modo para os professores desenvolverem algumas competências profissonais, tais como: a concepção de materiais e a modelação da aprendizagem na Internet; a facilitação da comunicação interpessoal; a organização, promoção e gestão do trabalho colaborativo; a avaliação e divulgação das aprendizagens. O professor deve ter em atenção a criatividade da tarefa, a selecção das fontes a indicar aos alunos, bem como a explicitação dos conteúdos avaliados quer ao nível individual quer ao nível do grupo.


Deste modo, a WebQuest, fornece ferramentas aos professores e futuros professores, para pensarem ou repensarem na aprendizagem e nos princípios pedagógicos para orientar os seus alunos ao longo da WebQuest.


O professor necessita então de estudar de modo aprofundado o modo como se constrói a WebQuest, deve seguir as orientações sugeridas por Dodge e March, definir a duração da tarefa (longa ou curta), deve ter em atenção se é relevante, de confiança, se promove a atenção e a satisfação do destinatário. Após ser construída e antes de implementada deve ser avaliada, através de uma grelha disponibilizada online, Grelha de Bellofatto et al. (2011) e os Fine Points Checklist de Dodge (1999).


Existem vários sites de instituições que fornecem informação e exemplos para ajudar os professores a implementar de modo adequado uma WebQuest. Fornece-lhes ajuda e como por exemplo no caso do site “WebQuest: um desafio aos professores para alunos”, são explicitadas todas as fases de uma verdadeira WebQuest, as tabelas traduzidas de avaliação da mesma, informação bibliográfica, recomendações gráficas e funcionais e exemplos.


As WebQuest têm sido introduzidas em alguns Centros de competência, como por exemplo na Universidade do Minho, Universidade de Aveiro ou Universidade Católica, entre outras, que consideram o uso das WebQuest como uma ferramenta importante ao desenvolvimento de competências transversais.
A WebQuest foi introduzida também em alguns cursos de formação inicial e contínua no ensino superior, sobretudo nas Licenciaturas em Ensino.


Algumas investigações demonstraram que os alunos se sentem motivados com a WebQuest, claro q dependendo também da temática, mas que no final constata-se que há aprendizagem, sentindo-se assim também os professores satisfeitos porque os alunos se dedicaram no empenho da resolução da tarefa, na discussão em grupo e na apresentação do trabalho elaborado.


O professor deve ter o papel de orientar os alunos, mas sempre promovendo a autonomia deles e apelando ao seu espírito crítico. Após a conclusão das tarefas é importante a apresentação do trabalho por parte dos grupos, não só para se submeterem à crítica dos pares e do professor, mas também para se habituarem a expor o seu trabalho perante os outros. Deste modo, os alunos tornar-se-ão mais tolerantes aos erros dos outros e também aos seus, aprendendo a avaliar e a dar sugestões, bem como a aceitá-las.


Para concluir, devo recordar que o impacto duma WebQuest será maior quanto maior o interesse da temática, da tarefa e da orientação no processo. As questões devem ser abertas e complexas de modo a envolver o aluno, obrigando-o a seguir muito além da informação disponibilizada. Podemos também utilizar outros recursos como o som, vídeos, anúncios ou outros para cativar o aluno. O que importa é que a actividade seja motivadora e ajude os alunos a aprender.

sábado, 1 de maio de 2010

WebQuest, uma ferramenta educativa




A WebQuest é uma ferramenta educativa, que pode ser utilizada por professores para promover aos seus alunos, a melhor compreensão dos conteúdos, e também o espírito colaborativo entre eles.
Para entender melhor as características da WebQuest, respondemos a um questionário.
Para tal utilizamos como apoio às respostas, o site http://webs.ie.uminho.pt/aac/webquest/, bem como o texto A WQ - Evolução e Reflexo (2007).pdf.

Questionário:

a)Quando surgiu a WQ e com que finalidade?

A WebQuest, surgiu em 1995, e resulta de uma actividade orientada para a pesquisa, onde toda ou quase toda a informação se encontra na Web.

b) Quem foram os mentores?

Os mentores da WebQuest foram Bernard Dodge e Tom March.

c) Quais são os 5 componentes da WQ?

Introdução
Deve ser motivadora, tanto do ponto de vista cognitivo, ou seja, motivando os alunos a utilizar os conhecimentos prévios, como temático, despertando o aluno para o assunto a abordar. Deve ser também desafiadora, promovendo o seu empenhamento na actividade.


Tarefa (s)
É explicitado qual a actividade ou actividades que o aluno vai realizar. Deve ter em atenção o nível cognitivo da tarefa, bem como a dificuldade. Segundo os autores da WebQuest existem 12 tarefas possíveis que serão enumeradas na questão seguinte.


Processo
São indicadas as fases ou etapas a seguir. São indicados também os recursos a utilizar, estes devem estar disponíveis na Web. . À medida que os alunos realizam a tarefa, devem ser dadas orientações pormenorizadas para que os alunos se sintam orientados.

O assunto deve ser abordado de forma clara e a estrutura bem explicitada. Deve ser rico, de modo a que o aluno possa tomar diferentes papéis nas actividades propostas.

Avaliação
Indicar o modo como os alunos serão avaliados, bem como se a avalização será individual ou em grupo. Deve incluir indicadores qualitativos e quantitativos na avalização.


Conclusão
É apresentado o resumo da actividade onde se destacam as vantagens da mesma.
Devem ser propostas novas questões, novos problemas que assegurem a curiosidade os alunos e proporcionem uma nova WebQuest.


d) Quais são os 12 tipos de tarefas identificadas por Dodge? Quais as mais apropriadas para uma verdadeira WQ?

► redigir o que se leu (contar)

► compilação de dados

► mistério (papel de detective)

► jornalismo (papel de reporter)

► criar um produto ou planear uma acção

► produtos criativos (criar uma história, poema, canção, um poster, uma pintura)

► criar consenso

► persuasão (ponto de vista a apresentar, por exemplo, na câmara; escrever uma carta, um editorial; fazer um poster; criar um vídeo publicitário)

► conhece-te! (reflexão sobre quem se é; objectivos a longo prazo; questões éticas e morais; como melhorar determinadas facetas; apreciar arte, etc)

► tarefas analíticas (olhar atentamente para um ou vários aspectos e identificar semelhanças e diferenças)

► Julgar/avaliar (o aluno dispõe de vários itens e tem que os ordenar ou classificar ou, ainda, escolher entre algumas opções)

► tarefas científicas (definir hipóteses, testar hipóteses; descrever os resultados e interpretá-los)

(adaptado do site:http://webs.ie.uminho.pt/aac/webquest/)

Para que se possa considerar uma verdadeira WebQuest, as tarefas devem ser: de mistério; criar um produto ou uma acção; produtos criativos; persuasão; conhete-te; tarefas analíticas; julgar/avaliar e tarefas científicas.

e) Qual a duração de uma WQ?

Pode ser de curta duração, 1 a 3 aulas, ou de longa duração, 1 semana a 1 mês.

No final deve ser pedido aos alunos para apresentarem o trabalho que realizaram.